Casanova
O ser si mesmo é a essenciação do ser-aí e o ser si mesmo do homem realiza-se apenas a partir da insistência no ser-aí.
Costuma-se conceber o “si mesmo” por um lado na ligação de um eu “consigo”. Essa ligação é tomada como uma ligação representacional. E, por fim, a ipseidade daquele que representa é tomada com o representado enquanto essência do “si mesmo”. Neste caminho e em caminhos correspondentemente modulados, contudo, a essência do si mesmo nunca tem como ser alcançada. (…)
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Ichheit / Ich-Hier / Ich-sagen / Ich / Egoität / egoistisch
Ichheit / ego / Egoität / egoidade / Ich-Hier / eu-aqui / Moi-ici / I-here / Ich-sagen / dire-Je / Ich / je / moi / eu / mim-mesmo / "I"
O Dasein é um ente que diz "eu" e que existe, consequentemente, em um outro modo que qualquer outro ente. A relação ao ser constitui seu ser e é enquanto ele é esta relação que lhe é igualmente possível dizer "eu": a compreensão de ser possibiliza o si enquanto este último compreende o ser antes de compreender seu próprio ser e antes que o que quer que seja possa lhe aparecer. O Dasein diz "eu" em consequência de seu estatuto ontológico. (CARON
Caron
Maxence Caron
MAXENCE CARON (1976)
, 2005, p. 780)
ICH E CORRELATOS
Matérias
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GA65:197 – ser si mesmo é a essenciação do ser-aí
1º de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro -
GA5:102-106 - homem, medida de todas as coisas
27 de fevereiro de 2021, por Cardoso de CastroHEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Coordenação Científica da Edição e Tradução Irene Borges-Duarte. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014, p. 127-131
Borges-Duarte
(8) Mas não ousou um sofista dizer, no tempo de Sócrates, que o homem é a medida de todas as coisas, tanto do ser das que são, como também do não-ser das que não [95] são? Não soa esta frase de Protágoras como se falasse Descartes? E, como se isso não bastasse, não é concebido por Platão o ser do ente como o que é (…) -
Marion (1989:124-129) – Heidegger confrontando Husserl sobre Descartes
23 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroAssim, no verão de 1925, Prolegômenos à história do conceito de tempo [GA20] tenta uma "crítica imanente da pesquisa fenomenológica", examinando como ela determina a consciência pura. Em outras palavras, "A questão será para nós [sc. Heidegger]: nessa elaboração do campo temático da fenomenologia que é a intencionalidade [sc. de Husserl], a questão sobre o ser dessa região, sobre o ser da consciência, é construída (gestellt), ou seja, o que significa aqui em geral ser, quando dizemos que a (…)
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Descombes (2014:II.III.2) – a dação do si mesmo
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroComo vemos a nós mesmos? Toda uma tradição filosófica responde que precisamos questionar “nossa consciência”. Se fizermos isso, explica essa tradição, que pode ser descrita como egológica, descobriremos que essa consciência se torna “consciência de si” quando toma o próprio sujeito como seu objeto e o reconhece como tal. O sujeito da consciência é seu próprio objeto (ego). Por meio de sua consciência, concluímos, cada um é dado a si mesmo como um sujeito (ou, mais precisamente, como um (…)
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Ortega: A VIDA INTER-INDIVIDUAL. NÓS — TU — EU
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroCapítulo V do livro "O Homem e a Gente". Trad. J. Carlos Lisboa. Livro Ibero-Americano, 1960.
Tínhamos partido da vida humana como realidade radical. Entendíamos por realidade radical, — é hora de recordá-lo, — não a única nem sequer a mais importante e, por certo, não a mais sublime, mas, lisa e planamente, aquela realidade primária e primordial em que todas as demais, — se devem ser, para nós, realidades, — têm de aparecer e, portanto, de ter nela a sua raiz, ou estar nela arraigadas. (…) -
Buber: quem Eu digo Tu
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="nossa tradução"]
Quando Eu confronto um ser humano como meu Tu e falo a palavra básica Eu-Tu para ele, ele não é uma coisa entre as coisas, nem é composto de coisas.
Ele não é mais Ele ou Ela, limitado por outros Eles e Elas, um ponto na grade mundial de espaço e tempo, nem uma condição que pode ser experimentada e descrita, um frouxo agregado de qualidades nomeadas. Sem vizinhos e contínuo, ele é Tu e preenche o firmamento. Não como se não houvesse nada exceto ele; mas (…) -
Dreyfus (1991) – Ser-no-Mundo. Comentário à Divisão I de Ser e Tempo de Martin Heidegger
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroThis commentary has been circulating in gradually changing versions for over twenty years. It started in 1968 as a set of “Fybate Lecture Notes” transcribed from my course on Being and Time at the University of California, Berkeley. In 1975 I started circulating my updated lecture notes to students and anyone else who was interested. For a decade thereafter I revised the notes each year, incorporating and responding to what I learned from my students and teaching assistants. By 1985 there (…)
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Marion (RD) – Ego e Dasein
18 de maio, por Cardoso de CastroMarionRD
Do ponto de vista — dominante — de sua "falha", o ego cartesiano vê-se absolutamente impedido de manifestar o sentido do ser, propriedade que caracteriza apenas o Dasein. O antagonismo ôntico-ontológico entre o ego cogito e o Dasein apareceu suficientemente claro (§5), para que, sem insistir nele nem enfraquecê-lo, possamos contudo equilibrá-lo com a observação de outra relação entre esses mesmos antagonistas.
Certamente, o ego cogito se apresenta ao Dasein como seu adversário (…) -
Greisch (1994:Intro) – O eu factual do filósofo
24 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro"…Você está prestes a se tornar um ’doutor’ na universidade. Não me importa o valor que é dado a esse título, como os outros fazem isso, etc. Eu o levo tão a sério quanto deveria, diante de mim mesmo.
"Não tenho o direito de julgar a questão de até que ponto essa tendência tem um possível vínculo existencial com sua posição em relação à "filosofia científica" (deixo-o absolutamente livre a esse respeito). Tenho de considerá-lo como você se apresenta a mim — o que não quer dizer que eu (…) -
O pensamento opera no "eu posso" do corpo
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
A desconfiança em relação ao verbalismo desemboca no primado incontestável do pensamento racional relativamente a todas as operações antes da expressão, que inserem um pensamento numa linguagem como num sistema de signos ou o ligam a uma linguagem que preside à escolha dos signos. As pesquisas modernas da filosofia da linguagem tornaram familiar a ideia de uma solidariedade profunda entre o pensamento e a palavra. Merleau-Ponty, entre outros e melhor que outros, mostrou que o (…) -
Hartmut Rosa (Resonance) – sujeito e mundo segundo Charles Taylor
24 de maio de 2023, por Cardoso de Castro[ROSA, Hartmut. Resonance. A Sociology of Our Relationship to the World. Tr. James C. Wagner. London: Polity Press, 2019]
[ROSA, Hartmut. Résonance. Une sociologie de la relation au monde. Tr. Sacha Zilberfarb. Paris: Éditions La Découverte, 2018, 2021]
James C. Wagner
[…] Of particular significance here is the fact that not only are subjects’ attitudes toward, outlooks on, and relatedness to the world individually and culturally variable, but what constitutes or is knowable as world (…) -
GA39:89-90 – transferimos as tonalidades afetivas ao eu-sujeito
7 de junho de 2023, por Cardoso de Castro[…] las tonalidades afectivas no son puestas en el sujeto o en los objetos, sino que nosotros somos transpuestos [versetzt], a una con lo ente, en las tonalidades.
Merino Riofrio
Porque hace mucho tiempo hemos sido desviados y, de antemano, tomamos al hombre como una cosa corporal dotada de un alma y sus procesos; y porque, además, tomamos este alma ante todo como un “yo”, transferimos las “tonalidades afectivas” a este “yo-sujeto”. Actualmente, el conocer y el querer, en tanto procesos (…) -
Solomon (1990) – Pretensão Transcendental
3 de novembro, por Cardoso de CastroO pano de fundo da pretensão transcendental abrange todo o conjunto da história, da filosofia e da religião ocidentais. É curioso e lamentável que a história da filosofia moderna seja tão frequentemente narrada como o desdobramento de um pequeno número de problemas especializados em epistemologia e metafísica, de modo que, não surpreendentemente, as questões e implicações mais amplas da filosofia europeia sejam ignoradas ou postas de lado. Com frequência excessiva, a narrativa começa com (…)
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GA36-37 – Estrutura da Obra
8 de fevereiro de 2017, por Cardoso de CastroTrad. brasileira de Emmanuel Carneiro Leão
INTRODUÇÃO - A questão fundamental da filosofia e o acontecimento fundamental de nossa história
§ 1. A missão político-espiritual como decisão para a questão fundamental
§ 2. O questionamento da poesia e do pensamento gregos e o princípio da filosofia. A filosofia como combate histórico que questiona sem cessar a essência do ser dos sendos
§ 3. O que a filosofia não é. Recusa das tentativas inadequadas de determinação
§ 4. A questão (…) -
Patocka (1995:60-62) – le moi n’est pas une simple représentation
13 de junho de 2023, por Cardoso de CastroL’orientation de l’animal au sein de son environnement est une fonction sensorielle instinctive ; l’être-orienté de l’homme excède le domaine instinctif en direction d’une réponse spontanée et active à la question : « où suis-je ? ».
Maine de Biran déjà souligne cependant que le moi n’est pas une simple représentation qui doit pouvoir accompagner toutes mes autres représentations (car, sans cela, elles ne seraient pas les miennes, elles ne feraient pas partie de ma vie), qu’il est, au (…) -
Fink (1990) – Reflexões fenomenológicas sobre a teoria do sujeito (2)
31 de outubro, por Cardoso de CastroA liberdade humana já se manifesta na reflexividade do Eu, nessa estrutura complexa da consciência, particularmente emaranhada. No olhar “abstrato” da análise da consciência, tocamos um terreno problemático mais profundo, cuja compreensão “fenomenológica” parece muito duvidosa. Sem dúvida, o Eu pode ser descrito de certa forma, pode ser fixado pela descrição como o “pólo” de todos os atos, de todas as experiências intencionais, como o centro de onde partem os múltiplos raios de atos para se (…)
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Luiz Bicca (1999:8-13) – ipseidade
11 de março de 2024, por Cardoso de CastroNas filosofias da existência, o interesse pela questão da ipseidade sofre um deslocamento, no que diz respeito ao âmbito de localização do pensamento, da epistemologia ou teoria do conhecimento para a ontologia. Elas abdicam daquela pretensão autofundante e absolutizante das modernas filosofias centradas na categoria do sujeito ou do “Eu”. Na mais consistente e sistemática dessas reflexões ditas existenciais, em Heidegger, manifesta-se uma diferença entre a identidade que supõe permanência (…)
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Jocelyn Benoist (2001:45-49) – dar-se (es gibt)
29 de março de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O que considero interessante na noção de "dado", tal como é comumente utilizada pelas duas grandes tradições filosóficas do nosso século, é o fato de estar imediatamente aberta à crítica e ao criticismo. Atualmente, está sob ataques violentos, que não são, evidentemente, inteiramente novas. Este é, desde o início, um dos pontos, senão o ponto, criticado na fenomenologia, que, enquanto modo de pensar o "dado", é suspeita de uma certa forma de intuicionismo ingênuo, ou de (…) -
Caron (2005:100-102) – Não limitar o eu ao domínio do que está ao alcance do olhar
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Como demonstrado no curso de 1921 sobre Santo Agostinho e o neoplatonismo, e como confirmado por uma nota em Ser e Tempo, que indica uma dupla "influência" de Santo Agostinho e Aristóteles sem mencionar Husserl, Heidegger aprendeu com o que chama em 1926 de "antropologia agostiniana" as exigências pelas quais toda abordagem da essência da subjetividade deve ser tentada, e especialmente a exigência fundamental—sobre a qual repousa todo o seu pensamento e toda a sua interpretação (…) -
Carman (2003:307-311) – ipseidade
24 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroLonge de se basear em qualquer conceito prévio de subjetividade, o próprio relato de Heidegger sobre a autêntica ipseidade [selfhood] tem o objetivo exato de fundamentar e explicar a noção tradicional de ipseidade, tal como ela tem figurado ontologicamente na filosofia moderna desde Descartes. A subjetividade não é precisamente o fenômeno ao qual devemos apelar na tentativa de entender o si [self] existencialmente. Em vez disso, devemos contrastar o si em seus modos autênticos e inautênticos (…)
Notas
- Baader (FG I §1 nota a) - decisão do princípio que me orienta
- Bergson (EDMC:114-116) – o eu toca a superfície do mundo
- Bret Davis (2007:12) – Querer quer aquele que quer
- Buber: quem Eu digo Tu
- Caron (2005:135-136) – desacordo sobre o solo da fenomenologia (Husserl e Heidegger)
- Caron (2005:190) – Crítica heideggeriana da estrutura do ego transcendental
- Caron (2005:26-27) – ser um eu e ser um si
- Caron (2005:787) – meu eu é o Dasein
- Dastur (2002) – Dasein e "eu"
- Descombes (2014:C3) – o que é uma egologia?
- Descombes (2014:CII.3) – a “questão do sujeito”
- Descombes (2014:I.II.6) – consciência de si é uma percepção interna?
- Ferreira da Silva (2009:49-50) – a façanha do eu
- Fogel (2015:17-18) – a estrutura ser-no-mundo
- Franck (2014:11-13) – Descartes - o deslocamento que falsifica tudo
- GA17:317-318 – Sprache
- GA17:318-319 – Intencionalidade
- GA20:325-326 – Dasein e "eu"
- GA20:440-441 – querer-ter-consciência
- GA23:138 – o ego sum
- GA24:177-178 – EGO - EU
- GA27:12 – gnothi seauton
- GA27:145-146 – um-com-outro [Miteinander]
- GA28:108 – existenciais
- GA36-37:41-43 – "eu" cartesiano
- GA38:38 – si-mesmo e eu
- GA38:38-40 – “Quem é o homem?”
- GA41:11 – troca subjetiva de coisas
- GA41:110-111 – Eu penso, princípio diretor
- GA54:247-248 – sujeito [Subjekt]
- GA60:178-179 – não sei tudo sobre mim mesmo
- GA6T2:136-137 – EGO - EU
- GA7:84-85 – egoidade
- GA87:303 – ego cogito ergo sum
- GA89:110-112 – corpo material e corpo
- GA89:113-114 – dizer e falar
- GA89:220 – quando alguém diz “eu”…
- GA95: sujeito - vida - ego
- GA9:157-158 – o ser-aí existe em-virtude-de-si-mesmo
- Gilvan Fogel (2005:180-182) – O “eu” é epígono
- Gilvan Fogel (2005:182-183) – o eu não é o sujeito da ação
- Haugeland (2013:122-123) – Descartes
- Jean-Louis Chrétien (2014) – “Tornei-me uma pergunta para mim mesmo”
- Kisiel (1995:121-122) – o eu puro ou pontual
- Kujawski (1983:33-34) – Eu sou eu e minha circunstância (Ortega y Gasset)
- Lévinas (1990/2004:147-148) – O “eu” como substância e o saber
- Lévinas (1990/2004:149-151) – O “eu” como identificação e acorrentamento a si
- Maldiney (Aîtres:10-11) – o tempo começa com o "eu"
- Marquet (1995:216-217) – a palavra
- Marquet (1995:85-86) – a alteridade do outro
- Merleau-Ponty (1945/2006:ii-iii) – sou a fonte absoluta
- Nietzsche (ABM:§17) – sujeito "eu" não conjuga "pensar"
- Nietzsche (VP:483) – por meio do pensar é posto o eu
- Novalis (P:115-116) – diálogo entre eu e não-eu
- Ortega y Gasset (MQ) – sou eu e minha circunstância
- Pascal (P:688/323) – O que é o eu?
- Patocka (1995:60) – se-relacionar-a-si
- Patocka (1995:62-63) – Le monde se découvre à moi dans un réseau dont je suis le centre
- Patocka (1995:81) – a teoria reflexiva do eu
- Raffoul (2010:242) – responsabilização (accountability)
- Raffoul (2020:55-56) – suposta “simplicidade” do “eu penso”
- Raffoul (2020:56-57) – ego não é um fato fenomenológico
- Róbson Ramos (2023:13) – "quem somos nós?"
- Róbson Ramos (2023:14) – modo de ser da existência
- Romano (2018) – "fazer eu", modos de ser e modos de viver
- Romano (2018) – o "eu"
- Romano (2018) – o que é o si-mesmo?
- Schürmann (1982:79-80) – subjetividade = substrato e mônada
- Schürmann (1996/2003:14) – Meu ato, o “eu-penso”
- Solomon (1990) – Rousseau descobre "seu eu"
- SZ:117 – man’s ‘substance’ is existence
- SZ:119-120 – “eu” pelo “aqui”, o “tu” pelo “aí” e o “ele” pelo “lá”
- SZ:126-127 – Das Man (a-gente)
- SZ:129 – Man-selbst - a-gente-ela-mesma
- SZ:316 – sujeito teórico completado por uma Ética
- SZ:319-320 – O "eu" em Kant
- SZ:321 – Ich-sagen - dizer-eu
- SZ:401-403 – A alma de toda filosofia é a paideia
- SZ:42 – "Eu sou" - "Tu és"
- Zimmerman (1982:102-103) – eu e temporalidade