Grandjean e Perreau (2012) – "puro eu e nada mais"
Data: 2025-03-18 06:24
(AGLP)
De acordo com as Ideen I, o fenomenólogo atento às estruturas gerais da consciência pura não pode deixar de reconhecer que, além de seus atos, há nela um Eu (Ich) sem o qual esses atos seriam impossíveis, ao mesmo tempo em que esse Eu não é nada fora deles 1): «Eu puro e nada mais» 2). É essa fórmula que nos propomos a elucidar aqui. De fato, ela não apenas tem o mérito de condensar ao extremo o que sua análise permite desdobrar — a tese husserliana sobre o caráter egológico da consciência —, mas também é cardinal em um duplo sentido, interno e externo. Interno, pois permite situar a fenomenologia das Ideen no percurso filosófico do próprio Husserl, diferenciando-a tanto do que precede a obra de 1913 quanto do que a sucede. Externo, porque o reconhecimento de uma dignidade transcendental do ego singulariza a fenomenologia husserliana em relação a suas concorrentes. Tudo isso está implicado na questão que estará constantemente no horizonte de nossa discussão: o que significa, para o transcendental, ser egológico? 3)
