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Marion (2012) – excesso, demasia (surcroît)

Data: 2025-03-11 06:38

(MarionSurcroit)

Aqui se trata do excesso — do excesso da intuição sobre o conceito, do fenômeno saturado e de sua doação fora do comum —, e, além disso, mais uma vez 1)).

Do excesso, primeiro. Os fenômenos aparecem sempre de acordo com a calma adequação neles da intuição com uma ou várias significações, ou seguindo um déficit medido desta sobre aquela? Ou, pelo contrário, alguns deles — os paradoxos — não aparecem precisamente graças (ou apesar de) um excesso irredutível da intuição sobre todos os conceitos e todas as significações que se lhes queira atribuir? Essa questão, embora então tenha permanecido implícita, delineava-se inevitavelmente desde nossa tentativa de retomar radicalmente todo o projeto fenomenológico a partir do primado nele da doação 2). Uma vez adquirido o princípio «Quanto mais redução, mais doação», a questão do fenômeno saturado não poderia deixar de se tornar explícita: e assim o foi, de fato, bastante rapidamente 3)). Mas o excesso da intuição sobre a significação e sobre o conceito só poderia assumir toda a sua importância, aos nossos olhos determinante, em virtude da doação que ali se realiza exemplarmente — isto é, dado um relato tão rigoroso quanto possível da relação entre o que se dá e o que se mostra 4). No entanto, Étant donné ainda fornecia apenas uma revisão muito aproximativa dos quatro tipos de fenômenos saturados (§ 23) e do fenômeno saturado por excelência, o da Revelação (§ 24). Era necessário, portanto, na primeira oportunidade, retomar sistematicamente sua descrição. Era preciso tratar, além disso, do excesso em suas diversas figuras.

1)
E. Littré: «Surcroît: s.m. 1. O que, ao ser adicionado a algo, aumenta sua força, número, qualidade […]. 3. De surcroît: loc. adv. demais» (Dicionário da Língua Francesa, ed. Paris, 1875, t. 4, p. 2096
2)
Redução e doação. Investigações sobre Husserl, Heidegger e a fenomenologia, Paris, PUF, 1989
3)
«O fenômeno saturado», in J.-F. Courtine (ed.), Fenomenologia e teologia (em colaboração com J.-L. Chrétien, M. Henry e P. Ricœur), Paris, Critérion, 1992. Este primeiro ensaio ainda confundia, como quarto tipo de fenômeno saturado, o ícone e a Revelação; eles serão finalmente distinguidos em 1997, com as indispensáveis diferenças de estatuto fenomenológico (ver infra, p. 33 e 133 sq.
4)
Étant donné. Essai d’une phénoménologie de la donation, Paris, PUF, 1997, mas deve-se consultar a edição de 1998, onde foram corrigidos os erros materiais mais evidentes
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