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Carter (2013) – Nishida: Nada Absoluto
Data: 2025-10-30 14:56
The Kyoto school
An introduction
* A busca de Nishida pela realidade última e o desenvolvimento do conceito de “nada absoluto”
- A busca inicial de Nishida por uma realidade última a ser encontrada antes, por baixo ou por detrás do dualismo de sujeito e objeto e de todas as outras distinções intelectuais
- O *Inquirir* tendo estabelecido a primazia psicológica da experiência e do eu que a capta
- A tentativa de Nishida de desenvolver um quadro mais completo da própria realidade e diminuir a dependência da experiência dela capturada pela e na consciência
- O começo do pensamento em termos de um “nada absoluto,” uma realidade que, embora sem características, poderia servir como a fundação para tudo o resto em sua concepção filosófica das coisas
- O nada absoluto servindo como a ausência de forma mais ampla e totalmente abrangente da qual todas as formas derivam
* A natureza inefável do nada absoluto e a via da intuição
- A impossibilidade de se conhecer o nada absoluto através do pensar, pois é impensável e inominável, exceto pelo uso de um termo minimalista como nada para o tentar assinalar
- O termo “nada” sendo como “um dedo apontando para a lua,” indicando uma realidade para além das palavras
- O pensar envolvido em pensar o impensável sendo a negação do que se entende ordinariamente por “pensar”
- A resposta à pergunta “Como pensamos o que jaz além do alcance do pensar?” sendo “Nós não o pensamos”
- O caminho para apreender esta realidade sendo o tornar-se ela, o intuí-la no sentido de Nishida de adquirir um “apreender da vida”
- A experiência pura, desenvolvida no *Inquirir*, ainda sendo o cerne da discussão, com Nishida procurando outras vias de lidar com ela
* A perspectiva oriental do nada como fundamento e a superação do conceito de Deus
- A afirmação de Nishida de que o que ele aponta – o nada inefável – é uma perspectiva profundamente embutida nas culturas “orientais” em geral, e no Japão em particular
- A distinção da perspectiva oriental de ter tomado o nada como seu fundamento, em contraste com o Ocidente que considerou o ser como o fundamento da realidade
- A nomeação destas perspectivas como “realidade como forma” (Ocidente) e “realidade como o informe” (Oriente), respectivamente
- O nada (ou seja, Deus) sendo encontrado na experiência pura, embora nem todas as experiências puras sejam de Deus ou do nada
- Deus e o (absoluto) nada podendo ser usados de forma permutável em um sentido, referindo-se ambos à realidade mais alta e mais abrangente
- O nada absoluto assumindo a posição mais alta e mais inclusiva, com Deus sendo a noção penúltima
- O nada sendo um mero indicador ou marcador de posição, precisamente sem qualidades, porque é anterior a todas as qualidades e distinções, sendo “aquele algo indiviso do qual Deus surge,” um nada para além de Deus
- A possibilidade de a crença em Deus ser um trampolim para o incompreensivelmente real, ou de se congelar em um conjunto de crenças e doutrinas através das quais a maioria das pessoas entende o que se quer dizer com uma “realidade superior”
- Deus e o nada sendo, em um sentido, duas faces da mesma moeda, mas sendo o lado do nada que alcança o entendimento mais longínquo e mais inclusivo
- O nada contendo Deus, mas Deus não abrangendo o nada, e Nishida escrevendo sobre o nada absoluto na maioria das vezes em que escreve sobre “Deus”
* A religião como “evento da alma” e o caminho interior para a Divindade
- Deus sendo uma experiência para Nishida, e o caminho que leva a tal experiência sendo através da prática de autocultivo ao longo da vida, por qualquer forma ou disciplina que se escolha
- A religião sendo “um evento da alma,” e provas racionais e crença cega tendo pouco ou nada a ver com Deus
- A busca por Deus na intuição realizada na alma interior sendo o conhecimento mais profundo de Deus, seguindo a tradição da Índia do passado distante e do misticismo da Europa dos séculos XV e XVI
- O solo ou base da realidade sendo apreendido através da intuição, cujo termo em japonês significa “experiência direta,” podendo referir-se a uma espécie de “sentimento”
- A apreensão desta realidade sendo alcançada por meio de um “olho invertido,” ou seja, olhando para dentro em vez de para fora
- A asserção de Nishida, juntamente com muitos dos místicos de todas as tradições, de que Deus deve ser encontrado dentro de nós
- O eu verdadeiro ou profundo em cada um de nós sendo idêntico a Deus, sendo, na verdade, a própria automanifestação de Deus
- O ver o divino em si mesmo sendo, ao mesmo tempo, o ver a Deus: “o poder unificador da realidade infinita está aí,” dentro de nós
- A identidade do eu profundo com Deus sendo uma ideia ubíqua no Oriente, raramente encontrada nas três principais religiões ocidentais
- A eliminação da aparente dualidade de Criador e criado em nossas profundezas, permitindo ver a unidade não-dual de todas as coisas
* A concepção do eu profundo como *basho* (lugar/campo)
- O eu profundo como experiência pura não podendo ser objetificado, falado diretamente, ou percebido
- Nishida chamando o eu profundo de *basho*, um lugar vazio, um campo ou nada (no sentido do *basho* do nada absoluto)
- O *basho* sendo usado frequentemente para significar universal em seu sentido lógico, do qual um eu objetivo pode ser abstraído, mas que se apresenta como uma consciência sem alguém que esteja consciente
- O *basho* sendo uma consciência sem costuras onde o conhecedor e o que é conhecido não estão ainda distintos
- O eu profundo da experiência pura não sendo uma construção da consciência, mas uma manifestação daquela unidade que jaz em suas profundezas, e na base ou fundação de tudo o mais
- O eu profundo sendo uma consciência cósmica
* O panenteísmo e a transcendência imanente do nada
- A concepção de Nishida do último, ou Deus, não sendo o de uma personalidade transcendente fora do mundo
- Deus sendo visto como imanente em tudo o que existe, e, no entanto, ao mesmo tempo, transcendente
- A proposta de panenteísmo (Deus está em tudo, mas é mais do que tudo), em vez de panteísmo (tudo é Deus), com Deus sendo inerente em todas as coisas e, no entanto, ao mesmo tempo, as transcendendo
- A substituição por Nishida do fator unificador pela pesada bagagem ligada ao YHWH do Judaísmo, ao Deus trino do Cristianismo e ao Alá do Islã
- O fator unificador sendo exibido por tudo o que existe, mas sendo incognoscível em si mesmo, exceto através da experiência direta, e permanecendo além das palavras
- A possibilidade de ser mais preciso falar do nada além de Deus, com o místico cristão do século XIII, Meister Eckhart, tendo chegado a uma conclusão semelhante
- A unidade da consciência não podendo se tornar o objeto do conhecimento, transcendendo todas as categorias
* A dupla identidade das coisas e a experiência não-dual
- A possibilidade de se encontrar o nada em cada coisa, além de olhar para dentro
- A imagem do quimono, em que o forro é invisivelmente visível pela forma como a peça “cai,” sendo usada para ilustrar a percepção da unidade
- O indivíduo “desperto” que está consciente da unidade de todas as coisas olhando para uma flor ou uma pedra e apreendendo sua divindade, seu parentesco conosco e com o nada: sua dupla identidade
- A posse deste parentesco com o divino não apenas por flores e pássaros, mas também por coisas aparentemente indesejáveis
- O *kōan* Zen “Por que os pássaros defecam na cabeça de Buda?,” um enigma insolúvel pela razão ou intelecto, tendo como *insight* a necessidade de qualquer resposta ir além dos dualismos de bom e mau, belo e feio
- O excremento sendo um aspeto natural do viver, e uma parte indispensável do todo e um fator de dar vida na jornada da existência
- A experiência mais fundamental (pré-avaliação e julgamento) sendo a experiência não-dual
- A experiência não-dual dizendo que “não há nada que não seja uma manifestação de Deus”
* A verificação da realidade última
- A descoberta por Nishida de um caminho para um encontro com a realidade que é, para ele, última e fundamental, através da experiência pura no *Inquiry*
- A única prova de Nishida para este movimento da experiência pura para uma visão da realidade última sendo a própria experiência
- A necessidade de se ganhar a experiência por si mesmo para que qualquer um possa verificar esta afirmação
- A jornada requerida sendo semelhante ao treinamento Zen: um aquietamento da mente tagarela, como através de alguma forma de meditação, e um deixar-ir do ego e da consciência ordinária.
PS: CARTER, Robert Edgar. The Kyoto school: an introduction. Albany (N.Y.): State university of New York press, 2013
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