Solomon (2012) – Nietzsche, moralidade mestre-servo

Data: 2025-11-03 06:10

What Nietzsche Really Said

* Aquilo que Nietzsche ocasionalmente condena como “moralidade de rebanho” é também classificado por ele como “moralidade de escravo,” uma ética considerada adequada para escravos e servos.

* A Moralidade (no singular e maiúscula), tal como apresentada na Bíblia e defendida por Kant, é a moralidade de escravo.

* A moralidade de senhor, em contraste, é uma ética da virtude, na qual a excelência pessoal é primordial.

* Nietzsche afirma que são os senhores quem estabelecem o significado de “bom”.

* Para os escravos, pelo contrário, conseguir o que se quer é demasiado difícil, improvável ou implausível.

* Desta forma, na longa história da Moralidade, ocorreu uma notável “reavaliação dos valores,” de acordo com Nietzsche.

* Em contraste com as pretensões por vezes infladas da filosofia, teologia e dogma metafísico, o apelo direto aos motivos e emoções ganha força.

* Tal humilhação é o objetivo de Nietzsche na sua guerra de guerrilha psicológica contra o Cristianismo e a Moralidade burguesa judaico-cristã.

* Nietzsche argumenta que aquilo a que chamamos “Moralidade” se originou entre escravos reais, o miserável Lumpenproletariat do mundo antigo (um termo introduzido por Marx para designar as classes mais baixas da sociedade).

* Descrever isto, evidentemente, não é “refutar” as afirmações da Moralidade.

* Os grandes filósofos morais ofereceram visões da sociedade perfeita (Platão), retratos da vida feliz e virtuosa (Aristóteles), análises formais da Moralidade (Kant) e defesas apaixonadas dos princípios de utilidade e igualdade (Mill).

* O contraste entre a moralidade de escravo e a moralidade de senhor resume-se, em última instância, a esta diferença emocional: o escravo nutre o ressentimento até que este o “envenene,” enquanto o senhor, nobre e autoconfiante, expressa os seus sentimentos e frustrações.

* A “genealogia” de Nietzsche é, de fato, apenas parcialmente uma genealogia, sendo muito mais um diagnóstico psicológico.

* Os críticos modernos podem facilmente descartar tal especulação como mais uma versão da “falácia genética,” argumentando que a questão não é a gênese ou a motivação da moral, mas sim a validade dos nossos princípios morais.


PS: SOLOMON, Robert C. What Nietzsche Really Said. Westminster: Knopf Doubleday Publishing Group, 2012.