Romano (2018) – Uma arqueologia da autenticidade

Data: 2025-10-26 17:00

Être soi-même

Uma outra história da filosofia

* A constatação de uma revolução nas mentalidades e modos de vida desde o final da Segunda Guerra Mundial, levando ao aparecimento de um novo tipo de relação consigo caracterizado pela aspiração a dar à sua vida uma forma que reflita as suas próprias particularidades individuais.

* A delimitação do objeto de estudo: uma investigação sobre as raízes filosóficas, religiosas e estéticas da autenticidade pessoal, para além das abordagens sociológicas.

* A análise do relativo descrédito dos “existencialismos” e das críticas ao ideal de autenticidade, nomeadamente a de Michel Foucault.

* O reconhecimento de um renovado interesse pelo tema, graças a trabalhos como os de Lionel Trilling, Charles Taylor, Stanley Cavell, Charles Larmore e Bernard Williams.

* A constatação das limitações destes trabalhos, que tendem a considerar o ideal de autenticidade como algo relativamente simples e homogêneo, sem explorar a sua complexidade interna e ramificações históricas.

* A análise da evolução semântica das principais línguas europeias, demonstrando que a ideia de verdade “pessoal” precede a noção lógica e semântica de verdade.

* A distinção conceptual fundamental entre autenticidade e sinceridade.

* A explicitação dos pressupostos do ideal de autenticidade: o individualismo e a dignidade do indivíduo singular.

* A natureza mais exigente da autenticidade face à sinceridade clássica, e o problema do discernimento do que nos é próprio.

* O potencial conflito entre a autenticidade e outras exigências éticas, como a integridade e a justiça.

* A análise etimológica e conceptual do termo “autenticidade” e a sua ligação necessária com a verdade e a existência pessoal.

* A refutação das críticas pós-estruturalistas e desconstrutivistas que proclamam a “morte da verdade” e a indiscernibilidade do próprio e do impróprio.

* A consideração das críticas substantivas ao ideal de autenticidade, que apontam para as suas consequências sociais negativas.

* A defesa da validade e do sentido do ideal de autenticidade, para lá das suas formas degradadas e mutiladas.

* A definição da metodologia do presente trabalho como uma “arqueologia” da autenticidade, num sentido inspirado por Foucault mas distinto.


PS: ROMANO, Claude. Être soi-même: une autre histoire de la philosophie. Paris: Gallimard, 2018