Paul Gilbert (2004) – Fenomenologias

Data: 2025-11-03 09:48

A simplicidade do princípio

A análise blondeliana se desenvolve pondo em evidência a potência da “vontade querente”, que tende para o cumprimento de seu desejo aberto indefinidamente, enquanto a “vontade querida” encarna esse élan na particularidade de nossas existências. A relação entre a vontade querente e a vontade querida é precisa: essa última alimenta-se daquela que lhe dá seu élan e da qual é a expressão e a correia de transmissão, sem nunca lhe esgotar a amplidão inteira.

* A metafísica recente não considera as formas abstratas do ente, mas sim o movimento espiritual que as estabelece.

* O implícito assim resgatado não é da alçada da psicologia empírica do ato científico, pois a psicologia não pode pretender concluir de maneira absolutamente necessária.

* Em Martin Heidegger e em Maurice Blondel, o método transcendental recebe uma aplicação mais ampla, de modo que o termo “transcendental,” com tonalidades kantianas, não lhes convém sem legítimos matizes.

* O método fenomenológico, criado por Husserl no começo do século XX com a finalidade kantiana de fundar as ciências na necessidade racional e não na psicologia empírica, evidencia a essência dos fenômenos.

* Heidegger alargou o campo da fenomenologia husserliana.

* Os primeiros parágrafos de *Ser e Tempo*, publicado em 1927 por Heidegger, insistem na articulação do fundamento dos entes e do dinamismo do espírito (ou do homem que se chama Dasein, o “ser-aí,” intimado a responder à questão sobre o sentido do seu ser).

* A problemática de Blondel pode ser comparada à de Heidegger.

* No final de sua primeira obra, Blondel fala de uma “metafísica à segunda potência,” indicando um prolongamento possível da reflexão.

* O plano de *A Ação* deriva dessa perspectiva:

* O primeiro fenômeno do espírito é a atividade científica, uma primazia necessária para a filosofia, que não pode meditar sem analisar as suas expressões perante as exigências racionais.

* Segundo *A Ação*, a afirmação ontológica nasce do interior da análise dos fenômenos.


PS: GILBERT, Paul. A simplicidade do princípio. São Paulo: Edições Loyola, 2004.