====== Byung-Chul Han (2024) – combate e essência ====== //Data: 2025-03-08 06:48// Apesar de seu esforço para deixar para trás o pensamento metafísico, apesar de estar sempre buscando se aproximar do pensamento do Extremo Oriente, Heidegger também permaneceu um filósofo da essência, da casa e da habitação. É verdade que ele deu adeus a alguns padrões de pensamento metafísicos. Mas a figura da essência continua dominando seu pensamento. Heidegger emprega quase excessivamente a palavra “essência”. Os traços fundamentais da essência, como posição, estabilidade, ipseidade ou duração, repetem-se constantemente em seu pensamento, ainda que de forma modificada. Expressões como “estabilidade”, “resolução de si”, “permanência de si” ou “autopermanência”, dominam o vocabulário da sua analítica do //Dasein//. Ele também pensa o combate e a essência em conjunto: “no combate essencial […] os combatentes elevam-se, tanto um quanto outro, na autoafirmação de sua essência” (GA5:35). Como já foi indicado, a dimensão do combate (//stasis//) é inerente à representação grega da essência como //hypostasis//. Não somente a figura do combate, mas também a do diálogo, da qual Heideger se serve repetidamente, pressupõe um portador da essência, a saber, um pre-sente, isto é, uma pessoa ou um indivíduo que tem uma posição ou um ponto de vista que é idêntico a si mesmo e permanece igual a si mesmo. As partes envolvidas devem ser propriamente pre-sentes. Segundo Heidegger, o amor também consiste em ajudar o outro a aceder a sua “essência”: “institua o amor! Talvez a interpretação mais profunda da questão ‘o que é o amor?’ resida na sentença de Agostinho: ‘//amo volo ut sis//’, eu amo, isto é, eu quero que o amado seja o que ele é. O amor é o deixar-ser no sentido mais profundo, conforme o qual ele convoca a essência” (GA16:563). (ByungA)